sábado, 21 de junho de 2008

Olhar De Manchete


















Estava sentado naquela calçada um menino de olhos confusos, vermelhos, sedentos.
Ele parecia triste sorrindo, e quando falava, buscava o chão.
Perdidamente ansioso, talvez com fome, rodando em pensamentos...
Minha presença o incomodava, ele levantando, pôs se a perguntar:
Que fazes aqui olhando?
Porque não se vai?
Sai de perto de mim!
Não pude entender a revolta de imediato.
Eu estava ali, querendo olhar... Ajudar... Ele não entendeu minha vontade...
Saí dali, de perto. Sentei num banco da praça. Abri o jornal, tentei ler...
Logo, aquele menino apareceu dizendo:
O senhor tem uma moedinha?
Eu fiquei estranhamente indeciso...
Como? Por que ele teria vindo aqui? Se há pouco me pedia pra sair de perto...
Estranhei e indaguei:
O que você deseja mesmo?
Ele, olhando com cara de inocência respondeu:
Procuro por comida... Tem uma moedinha?
E curioso perguntei:
Por que me pediu pra sair de perto há pouco?
Ele sorriu... E disse categoricamente:
Incomoda-me a presença de quem só sabe “pensar”...
Tipo será que ajudo? Será que ele precisa?
Isto incomoda...Já acostumei a ir atrás de você...
Vocês não têm tempo de nos procurar...
Eu dei a moeda... E saí dali com coração... Apertando.
Ele tinha razão.Fechei o jornal, afinal, as manchetes, estavam no olhar daquele garotinho de rua.

Renata Dos Anjos*

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PARADA CARDÍACA


Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.

Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.

Paulo Leminski


Quem sou eu

RAZÃO DE SER Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece, E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel, Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê? Paulo Leminski
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